Hoje sabemos que o Transtorno Bipolar (TB ) é uma entidade nosográfica que se apresenta de diversas formas.
Sabemos também que os quadros clínicos pertencem a uma única patologia devido aos progressos no estudo da epidemiologia do TB , bem como aos avanços da genética que nos possibilitaram entender melhor – mas não completamente ainda – a forma a a periodicidade do distúrbio .
Sabemos que o TB pode alterar tempos de normalidade basicamente com episódios depressivos , tempos de episódios maníacos ( fases de euforia inadequada ) , tempo em que os portadores ficam hipomaníacos ( euforia patológica em grau mais moderado ) e quadros de humor misto ou disfóricos – quando o paciente apresenta episódios com sintomas de mania e de depressão ao mesmo tempo , traduzindo-se na prática como uma euforia irritável – e explosões de raiva ,explosões estas mais frequentes na infância ( no Transtorno Explosivo Intermitente ) .
Estas alterações podem ser classificadas basicamente como TB Tipo I , quando há alternância de normalidade , episódios de depressão e episódios maníacos ¨francos ¨, TB Tipo II , quando depressões são alternadas com hipomanias , ciclotimia quando os episódios de mania e depressão não são tão severos como no TB tipo I e II e podem surgir sintomas de psicose ( perda do contato com a realidade) congruentes com o humor ou incongruentes com o humor .
Há outras variantes mas são mais raras e complicadas e serão abordadas em uma próxima publicação .
Mas estes conceito estão em constante revisão e aperfeiçoamento e há busca constante de formas de avaliar os estágios em que o TB se encontra bem como de novas medicações e estratégias terapêuticas.
O correto diagnóstico de subtipo de TB é muito importante para orientar a terapêutica melhorando muito a qualidade de vida dos portadores de transtornos de humor , prevenindo crises , evitando assim as graves consequências decorrentes , bem como diminuindo drasticamente as possibilidades de suicídio.
Sabemos também que o uso de substâncias psicoativas tais como drogas, álcool e remédios usados de forma inadequada inviabilizam o tratamento. Parece simples a um primeiro olhar , mas estas conclusões demoraram vários séculos , para não dizer milênios para ser obtidas como veremos a seguir. Para entender bem uma patologia tão complexa e de difícil diagnóstico como é o Transtorno Bipolar (TB) é muito importante , como bem observou Sir Isaac Newton , conhecer os homens e suas idéias envolvidas na descrição e no tratamento do TB , suas idéias, suas constatações e suas descobertas ao longo da história.
O Transtorno Bipolar é conhecido da medicina desde remota antiguidade e a precisão de seu diagnóstico e a melhora dos recursos de tratamento tem passado por um desenvolvimento importante apenas nas últimas décadas.
Supõe-se que o desconforto da depressão ou o rebaixamento crítico dos episódios de euforia sejam causas da grande frequência de associação entre TB e uso de drogas e álcool, mas os verdadeiros motivos ainda estão no campo das especulações.
Sabe-se que entre os portadores de TB o alcoolismo está presente com frequência cinco vezes maior que na população em geral, bem como que a depressão está presente quatro vezes mais um usuários de maconha que na população em geral.
Os portadores de TB que abusam de álcool ou drogas estão sujeitos a crises mais severas , mais frequentes , maiores índices de suicídio e ineficácia das medicações.
Desde então o TB tem sido cada vez melhor compreendido e tratado com resultados próximos ao satisfatório .
Os psiquiatras dedicados ao desenvolvimento do conceito de Patologia Dual e sua operacionalização como filosofia de tratamento mostram de forma indubitável que o uso de drogas ou álcool está fortemente associado ao TB , piorando o prognóstico do Transtorno e até mesmo inviabilizando o seu controle com consequências sombrias .
No futuro é possível prever que o tratamento do TB comórbidos á dependência de álcool e drogas sejam tratados de forma única e com técnicas cada vez mais precisas de estadiamento orientando a equipe de saúde de forma cada vez mais eficaz .